segunda-feira, 18 de julho de 2016

Década de 30 - Mundico Laurentino II

Raimundo Pereira de Sousa, conhecido por Mundico Laurentino  ia realizando a bom termo sua proposta de pacificação da sociedade, que viveu muitos anos dividida em consequência da radicalização política. O clima agora era bem diferente. As festas eram realiza­das sem preocupação de atritos ou mal estar entre os participantes.
Mas as cidades em formação não crescem e se desenvolvem com a mesma mentalidade. Há sempre os presunçosos e mal educados, que se rebelam contra as regras de boa educação social.
Foi o que ocorreu em São João, onde pequenos grupos pertencentes às famílias numericamente grandes, mas pequenas no conceito e prestígio social, não aceita­ram a convocação para a paz e se constituíram focos de atrito e temor nas festas de subúrbio e até no centro da cidade, não sendo muito fácil repeli-los, por causa do apoio recebidos de seus parentes, que não participavam dos atritos, mas funcionavam na retaguarda. Alguns vi­nham de São Paulo, falantes e pedantes, vestindo casimi­ra e ostentando um revólver, de que se tornavam inseparáveis. Por qualquer pretexto, acabavam com uma festa, sem encontrar reação. Cadeia para eles não exis­tia, porque seria afronta aos brios da família.
Nesse ambiente de dificuldade chega à cidade o Sargento Joaquim Sobrinho, que, ao tomar pé na situa­ção, foi ao Prefeito dizer que não tinha condição de con­viver com a desordem, necessitando do apoio dele e do juiz para uma ação saneadora. Agiu com moderação e energia, de modo que não durou muito para repor a ordem, pelo enquadramento de alguns e deserção de outros.
Foi nessa década que chegou o primeiro rádio em nossa cidade, adquirido com recursos levantados por subscrição popular. Os ganhos eram parcos e ninguém tinha padrão de vida que comportasse a compra de um aparelho.
O rádio foi instalado no salão nobre da Câmara Municipal, onde compareciam os ouvintes para audiên­cia todas as noites, tornando-se um local de reunião da cidade. Uns ficavam ao pé do rádio, para se inteirar das notícias, mas a maioria se postava na calçada, conversan­do e discutindo. Era comum a pessoa ter um assunto ou um negócio para resolver e tratar os acertos finais para a hora do rádio.
Foi nesse local que a cidade tomou conhecimento surpresa e perplexa do discurso do Presidente Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, derribando o re­gime, com o fechamento do Congresso, deposição dos Governadores e estabelecendo o Estado Novo, que durou oito anos.

Foi nesse mesmo rádio que se ouviu a notícia da eclosão da grande guerra mundial, que começou em 1939 entre Alemanha, Inglaterra e França e se espalhou pelo resto do planeta. O desenvolvimento da luta, as batalhas travadas e as adesões dos países ao movimento eram motivo de atração e presença nas noites de reunião no prédio da Câmara.

Nota: Laurentino por causa do nome de seu pai

Década de 30 - Mundico Laurentino II

Raimundo Pereira de Sousa, conhecido por Mundico Laurentino  ia realizando a bom termo sua proposta de pacificação da sociedade, que viveu muitos anos dividida em consequência da radicalização política. O clima agora era bem diferente. As festas eram realiza­das sem preocupação de atritos ou mal estar entre os participantes.
Mas as cidades em formação não crescem e se desenvolvem com a mesma mentalidade. Há sempre os presunçosos e mal educados, que se rebelam contra as regras de boa educação social.
Foi o que ocorreu em São João, onde pequenos grupos pertencentes às famílias numericamente grandes, mas pequenas no conceito e prestígio social, não aceita­ram a convocação para a paz e se constituíram focos de atrito e temor nas festas de subúrbio e até no centro da cidade, não sendo muito fácil repeli-los, por causa do apoio recebidos de seus parentes, que não participavam dos atritos, mas funcionavam na retaguarda. Alguns vi­nham de São Paulo, falantes e pedantes, vestindo casimi­ra e ostentando um revólver, de que se tornavam inseparáveis. Por qualquer pretexto, acabavam com uma festa, sem encontrar reação. Cadeia para eles não exis­tia, porque seria afronta aos brios da família.
Nesse ambiente de dificuldade chega à cidade o Sargento Joaquim Sobrinho, que, ao tomar pé na situa­ção, foi ao Prefeito dizer que não tinha condição de con­viver com a desordem, necessitando do apoio dele e do juiz para uma ação saneadora. Agiu com moderação e energia, de modo que não durou muito para repor a ordem, pelo enquadramento de alguns e deserção de outros.
Foi nessa década que chegou o primeiro rádio em nossa cidade, adquirido com recursos levantados por subscrição popular. Os ganhos eram parcos e ninguém tinha padrão de vida que comportasse a compra de um aparelho.
O rádio foi instalado no salão nobre da Câmara Municipal, onde compareciam os ouvintes para audiên­cia todas as noites, tornando-se um local de reunião da cidade. Uns ficavam ao pé do rádio, para se inteirar das notícias, mas a maioria se postava na calçada, conversan­do e discutindo. Era comum a pessoa ter um assunto ou um negócio para resolver e tratar os acertos finais para a hora do rádio.
Foi nesse local que a cidade tomou conhecimento surpresa e perplexa do discurso do Presidente Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, derribando o re­gime, com o fechamento do Congresso, deposição dos Governadores e estabelecendo o Estado Novo, que durou oito anos.

Foi nesse mesmo rádio que se ouviu a notícia da eclosão da grande guerra mundial, que começou em 1939 entre Alemanha, Inglaterra e França e se espalhou pelo resto do planeta. O desenvolvimento da luta, as batalhas travadas e as adesões dos países ao movimento eram motivo de atração e presença nas noites de reunião no prédio da Câmara.

Nota: Laurentino por causa do nome de seu pai