V - João Santos, filho do major Honório Francisco
dos Santos e de D. Maria Luiza de Pinho Santos, foi o sucessor do pai na política do município. Elegeu-se
intendente municipal em dois períodos sucessivos, mas não concluiu o segundo,
interrompido pela revolução de I930, que deu uma nova ordenação política em
todo o País.
Administrando a comunidade com recursos arrecadados
dentro do município, sem suprimentos emanados do governo federal ou estadual,
João Santos pode ser considerado um dos maiores prefeitos que tivemos, pelas
obras realizadas. Construiu as estradas carroçáveis, ligando nossa cidade às de
São Raimundo Nonato e Simplício Mendes, as quais inaugurou pessoalmente com o
automóvel de sua propriedade, marca Ford, ano 26, e edificou moderno açougue
para venda de carnes, até então expostas em qualquer local da cidade. Esse prédio
ainda hoje existe, conhecido pelo nome de açougue velho. A realização mais
importante do intendente biografado foi no setor do ensino, pela instalação da
escola Pedro Borges, com equipamentos e mobiliário moderníssimo, adquiridos no
Pará. A professora, Honorina Neiva Bezerra veio do Maranhão, com muita competência
e eficiência, e revolucionou nosso ensino, então ministrado por
mestres-escolas. Eu conto de experiência esses episódios, porque fui um dos
alunos dessa escola, juntamente com José Damasceno Santos, Inês Santos Rocha e
Natália Paes Landim, que lá estudaram também e podem dar seus depoimentos.
Isso ocorreu na década de 20, por conseguinte São João avançou 30 anos no seu
progresso, por força dessa administração.
João Santos deixou o cargo empobrecido de tal
forma, que tinha dificuldade de manter a casa, com a filharada toda de menor
idade. Em 1934, por força do desdobramento do cartório único da comarca, ele
foi nomeado Tabelião do Segundo Ofício, depois passou para o Primeiro Ofício,
onde se aposentou, E a política? Nunca desprezou, sempre fiel a seu partido e
leal aos amigos, Nas horas difíceis da minha vida política, João Santos era um
dos primeiros a chegar com sua solidariedade, oferecendo-se para prestar
serviços. Na revolta dos Cronemberger, quando a família se reuniu no seu
feudo, com propostas de rompimento e luta renhida, o velho João Santos desceu
à Ribeira e trouxe de volta a pacificação. No rompimento dos Carvalho,
convocou os filhos e advertiu que tinha compromissos partidários mais fortes
que os de família, por conseguinte queria todos firmes no PSD. Em seguida me
procurou para dar irrestrito e decisivo apoio, colocando seu nome à minha
disposição para disputar qualquer eleição, pelo que saiu como candidato a
Vice-Prefeito. No pleito seguinte, disputou novamente o mandato de
Vice-Prefeito, em coligação com o Costa Neto, assumindo a Prefeitura nos seis
meses finais do mandato.
O velho Janjão, como era conhecido, era um homem
político por herança e formação do pai, lutando ardorosamente por seu partido,
enquanto as forças o permitiram. Foi presidente do diretório municipal do PMDB até
falecer, quando eu o substituí. No seu sepultamento, quando o féretro ia baixar
à sepultura, fiz um discurso emocionado de despedida desse grande amigo,
correligionário e companheiro que tive em vida.