sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

São João - Filhos Ilustres III




V - João Santos, filho do major Honório Francis­co dos Santos e de D. Maria Luiza de Pinho Santos, foi o sucessor do pai na política do município. Elegeu-se intendente municipal em dois períodos sucessivos, mas não concluiu o segundo, interrompido pela revolução de I930, que deu uma nova ordenação política em todo o País.
Administrando a comunidade com recursos arre­cadados dentro do município, sem suprimentos emana­dos do governo federal ou estadual, João Santos pode ser considerado um dos maiores prefeitos que tivemos, pelas obras realizadas. Construiu as estradas carroçáveis, ligando nossa cidade às de São Raimundo Nonato e Simplício Mendes, as quais inaugurou pessoalmente com o automóvel de sua propriedade, marca Ford, ano 26, e edificou moderno açougue para venda de carnes, até então expostas em qualquer local da cidade. Esse prédio ainda hoje existe, conhecido pelo nome de açougue ve­lho. A realização mais importante do intendente biogra­fado foi no setor do ensino, pela instalação da escola Pedro Borges, com equipamentos e mobiliário moderníssimo, adquiridos no Pará. A professora, Honorina Neiva Be­zerra veio do Maranhão, com muita competência e efici­ência, e revolucionou nosso ensino, então ministrado por mestres-escolas. Eu conto de experiência esses episódios, porque fui um dos alunos dessa escola, juntamente com José Damasceno Santos, Inês Santos Rocha e Natália Paes Landim, que lá estudaram também e podem dar seus de­poimentos. Isso ocorreu na década de 20, por conseguinte São João avançou 30 anos no seu progresso, por força des­sa administração.
João Santos deixou o cargo empobrecido de tal forma, que tinha dificuldade de manter a casa, com a filharada toda de menor idade. Em 1934, por força do desdobramento do cartó­rio único da comarca, ele foi nomeado Tabelião do Se­gundo Ofício, depois passou para o Primeiro Ofício, onde se aposentou, E a política? Nunca desprezou, sempre fiel a seu partido e leal aos amigos, Nas horas difíceis da mi­nha vida política, João Santos era um dos primeiros a che­gar com sua solidariedade, oferecendo-se para prestar serviços. Na revolta dos Cronemberger, quando a famí­lia se reuniu no seu feudo, com propostas de rompimen­to e luta renhida, o velho João Santos desceu à Ribeira e trouxe de volta a pacificação. No rompimento dos Car­valho, convocou os filhos e advertiu que tinha compro­missos partidários mais fortes que os de família, por con­seguinte queria todos firmes no PSD. Em seguida me procurou para dar irrestrito e decisivo apoio, colocando seu nome à minha disposição para disputar qualquer elei­ção, pelo que saiu como candidato a Vice-Prefeito. No pleito seguinte, disputou novamente o mandato de Vice-Prefeito, em coligação com o Costa Neto, assumindo a Prefeitura nos seis meses finais do mandato.

O velho Janjão, como era conhecido, era um ho­mem político por herança e formação do pai, lutando ardorosamente por seu partido, enquanto as forças o permitiram. Foi presidente do diretório municipal do PMDB até falecer, quando eu o substituí. No seu sepultamento, quando o féretro ia baixar à sepultura, fiz um discurso emocionado de despedida desse grande amigo, correligionário e companheiro que tive em vida.

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