terça-feira, 1 de abril de 2014

Golpe de 64 no Piauí - 1



Cada dia se complicava mais a situação de João Goulart no governo da República. Oficialmente, seus partidos no Congresso eram o PTB e o PSD, mas a UDN penetrava muito em palácio e tirava proveito, sem retorno eleitoral, Aqui no Piauí, o Governador Petrônio era publicamente o seu representante, para tirar todas as vantagens. O Presidente vivia empolgado com as causas trabalhistas, de que eram porta-vozes os sindicatos de todas as classes e categorias. Essa postura irritava muito os militares, sobretudo a oficialidade, mas os assessores governamentais fomentavam os sargentos, numa luta de classe, reagindo dentro dos quartéis. Não precisava ser bom observador, para saber que o fomento à indisciplina era um erro de graves consequências. Na defesa de suas prerrogativas constitucionais, João Goulart apelava para as populações civis, prometendo realizar reformas de base, que seriam uma revolução dentro da escala social. Dessa campanha se aproveitaram os adversários, muitos deles em convivência dentro do palácio, para ligar as propostas governamentais com as do comunismo russo e cubano.

Numa dessas viagens, já às vésperas do golpe, em um almoço oferecido ao Presidente, nos salões do Jockey Club, em Teresina, presentes o secretario e os altos escalões udenistas, o Governador Petrônio fez protestos  da maior solidariedade a João Goulart, afirmando que o Piauí marcharia armado a seu lado, contra os adversários do regime


Era esse o clima político e popular do país, depois que entrou o ano de 1964. Qualquer dia, tropas estariam se confrontando, segundo as previsões dos analistas políticos. A 29 de março de 1964, o General Mourão Filho levantou seu regimento no interior de Minas Gerais e marchou para Brasília. A seguir, de todos os recantos do Brasil, o Ministro da Guerra recebia mensagem de solidariedade aos insurrectos. O Governo fez em vão as primeiras tentativas de preparar reações, mas não encontrou apoio em parte alguma, não restando outra alternativa para João Goulart, senão fugir para o Uruguai no dia 1° de abril, sem passar o cargo a seu substituto legal. Somente três governadores ficaram fiéis ao governo deposto: o do Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba. O do Piauí pediu perdão aos militares, agarrando-se com os oficiais de suas relações.

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