Para se ter uma
ideia da prepotência desse regime chamado revolucionário, mas que era
simplesmente discricionário, vou citar alguns exemplos. No Piauí, existia um
famoso jornalista, Josípio Lustosa, diretor do jornal “O Estado do Piauí”, o
qual fez toda a campanha do candidato Petrônio Portela. Divergiu do governador
eleito, por discordar dos atos de sua administração, que considerava
desonestos, e por essa razão foi demitido do seu cargo de Fiscal de Rendas, que
exercia há quase trinta anos. Esse homem ficou na rua da amargura, passando
privações com sua família, socorrido pelos amigos. Eu próprio ajudei-o a atravessar
essa vicissitude. Apelou para o Tribunal de Justiça do Estado, que se julgou
incompetente. Apelou para Brasília e um dos Ministros do Supremo Tribunal, que
foi o Relator do Processo, ficou condoído da situação desse pobre jornalista e
concedeu o mandado de reintegração, que não foi cumprido pelo Governador
Petrônio Portela. Quando ele renunciou, para se candidatar ao Senado, o Vice
João Clímaco de Almeida cumpriu o mandato judicial do Supremo. A conclusão é
que Josípio foi reintegrado, recebeu todos os salários atrasados, mas o
Ministro do Tribunal, que o salvou, foi aposentado compulsoriamente, por
decreto do Presidente da República.
Com medo das
urnas, o governo da ditadura militar transferiu para as Assembleias o direito
de eleger os governadores. No Rio Grande do Sul, o Dr. Cirne Lima, homem de muita
competência, compostura e respeito, se candidatou a Governador e tinha sua
eleição assegurada. Como não era do agrado dos militares, às vésperas do pleito
dentro da Assembleia, o Presidente da República cassou o mandato de três
deputados estaduais, a fim de que o concorrente de Cirne Lima ficasse em
maioria e ganhasse a eleição indireta, como de fato ganhou.
Os jornais que
se rebelavam contra essa nova ordem execrada e revoltante, sofreram
perseguições de todos os gêneros e qualidades. Até papel lhes era negado o
direito de comprar. Assim viveu o
Brasil, durante o período dos governos de cinco generais do Exército.
Nenhum comentário:
Postar um comentário