terça-feira, 1 de abril de 2014

Golpe de 64 no Piauí - 3


Para se ter uma ideia da prepotência desse regime chamado revolucionário, mas que era simplesmente discricionário, vou citar alguns exemplos. No Piauí, existia um famoso jornalista, Josípio Lustosa, diretor do jornal “O Estado do Piauí”, o qual fez toda a campanha do candidato Petrônio Portela. Divergiu do governador eleito, por discordar dos atos de sua administração, que considerava desonestos, e por essa razão foi demitido do seu cargo de Fiscal de Rendas, que exercia há quase trinta anos. Esse homem ficou na rua da amargura, passando privações com sua família, socorrido pelos amigos. Eu próprio ajudei-o a atravessar essa vicissitude. Apelou para o Tribunal de Justiça do Estado, que se julgou incompetente. Apelou para Brasília e um dos Ministros do Supremo Tribunal, que foi o Relator do Processo, ficou condoído da situação desse pobre jornalista e concedeu o mandado de reintegração, que não foi cumprido pelo Governador Petrônio Portela. Quando ele renunciou, para se candidatar ao Senado, o Vice João Clímaco de Almeida cumpriu o mandato judicial do Supremo. A conclusão é que Josípio foi reintegrado, recebeu todos os salários atrasados, mas o Ministro do Tribunal, que o salvou, foi aposentado compulsoriamente, por decreto do Presidente da República.

Com medo das urnas, o governo da ditadura militar transferiu para as Assembleias o direito de eleger os governadores. No Rio Grande do Sul, o Dr. Cirne Lima, homem de muita competência, compostura e respeito, se candidatou a Governador e tinha sua eleição assegurada. Como não era do agrado dos militares, às vésperas do pleito dentro da Assembleia, o Presidente da República cassou o mandato de três deputados estaduais, a fim de que o concorrente de Cirne Lima ficasse em maioria e ganhasse a eleição indireta, como de fato ganhou.


Os jornais que se rebelavam contra essa nova ordem execrada e revoltante, sofreram perseguições de todos os gêneros e qualidades. Até papel lhes era negado o direito de comprar.  Assim viveu o Brasil, durante o período dos governos de cinco generais do Exército.

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